quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

(em cinza: trajeto de ida; em vermelho: trajeto de volta)

Trajeto da Viagem: De Brasília a Jericoacora (CE), passando por São Luis/MA, pelos Lençóis Maranhenses, praias do Piauí e Camocim/CE. Atravessamos os estados de Goiás e Tocantins antes de adentrar o Maranhão, no caminho de ida. Na volta, viemos pelo Ceará, Piauí, Bahia e Goiás.
Período da Viagem: Entre 3 e 14 de fevereiro de 2007
Dias de Viagem: 12 dias
Quilometragem rodada: 5.766 km
Motos Utilizadas: 2 Yamahas XT660
Realizadores: Paulo Amaral, Flávio Faria e Rosane (q foi e voltou de S. Luis de avião)
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SOBRE ESTE PROJETO: Esta viagem complementou um projeto iniciado em setembro de 2006, quando eu e Paulo Amaral viajamos pelo litoral nordestino, subindo a costa litorânea de Aracaju (SE) até Genipabu, um pouco acima de Natal (RN). Naquela ocasião rodamos 5.572 km em uma Honda Falcon (Flávio) e em uma Yamaha XT600 (Paulo) em 14 dias (ver http://www.viagemaonordeste.blogspot.com/) e, mesmo assim, naquela oportunidade, não foi possível percorrer as praias de 3 Estados nordestinos: Maranhão, Piauí e Ceará, regiões exploradas na presente viagem. No total, somando as duas expedições, viajamos 11.339 km em 27 dias de estrada.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

DIÁRIO DA VIAGEM

Primeiro Dia de Viagem (3 de fevereiro de 2007 – sábado). Trecho: de BRASÍLIA A GUARAÍ (TO) – 1.052 km percorridos em 13h09min de viagem. Tempo parado: 2h35min.
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Saímos de Brasília às 5h15min do Posto Colorado, nas proximidades de Sobradinho. A primeira hora de viagem foi realizada na escuridão. Lembro que estávamos em época de horário de verão e o sol só costumava aparecer depois das 6 da matina. Percorremos a BR020 até pouco depois de Planaltina, quando entramos à esquerda em direção à Chapada dos Veadeiros. Paramos para um cafezinho rápido no boteco do meu irmão Emílio, em São Gabriel de Goiás, cerca de 80 km de Brasília. Dali seguimos para Alto Paraíso (GO), nossa primeira parada para abastecimento. A partir desta localidade começo a me sentir realmente de férias. A beleza das montanhas da Chapada vai nos trazendo um clima de poesia, uma vontadezinha de cantarolar dentro do capacete, de "compositar melódias", e uma atmosfera de relaxamento que vai nos envolvendo por completo.
Paramos novamente em Campos Belos e Natividade para reabastecimento de combustível. Minha XT 660 (a Xistelvina) apresentou consumo cerca de 25% superior ao da moto do Paulo. Nesses trechos, seu desempenho manteve-se entre 16,3 e 16,8 km por litro, enquanto que a dele ficou entre 20/23 km/l. Não deu para entender essa diferença, visto que usávamos motos idênticas, andávamos na mesma velocidade e abastecíamos nas mesmas bombas de combustível. Pensei que esse contratempo seria resolvido assim que achássemos uma concessionária da Yamaha. Triste engano! Passamos por duas delas e, infelizmente, não encontramos nenhum mecânico apto a lidar com esta moto.
Passamos pelos arredores de Palmas, capital do Tocantins, por volta das 15 h, com quase 10 h de viagem. Tínhamos a intenção de parar por lá, dar um rolé, conhecer os restaurantes etc e tal. Palmas possui um corredor viário dos mais modernos e conservados, que passa ao largo da cidade. Andávamos tranqüilamente por ele, certos de que nos levaria para dentro do município, mas, quando percebemos, já estávamos a mais de 30 km além da entrada da cidade. Deu preguiça de voltar e seguimos adiante, até Lajeado. Ali o asfalto desaparece! Tivemos que atravessar uma reserva indígena onde não havia pavimentação alguma por 8 km. Apesar da chuva, foi possível pilotar com muita tranquilidade. Lembro que até ali o asfalto estava impecável. As estradas do Tocantins estão surpreendentemente bem conservadas. O cenário da viagem era exuberante, caracterizado pela presença de elevados chapadões e de montanhas. A chuva nos acompanhou com insistência, mas muitas vezes bem vinda por causa do calor.
Atravessamos o rio Tocantins de balsa, entre os municípios de Tocantínia e Miracema, onde pegamos a rodovia Belém-Brasília. Foram gastos 40 minutos nesta travessia. Aproveitamos para esticar as pernas, enquanto apreciávamos as belezas do rio.
Chegamos a Guaraí (TO) por volta das 19 h, com cerca 13 h de viagem, e nos hospedamos num pequeno hotel de R$ 50,00 por 2 quartos independentes. Fomos a uma churrascaria da cidade e nos esbaldamos em um rodízio regado a cerveja. Dormimos cedo, como sempre, depois de tomar um banho frio. Vale lembrar que chuveiro elétrico nesta região é um luxo.
(Basta clicar na foto para ampliá-la)


(fotos c/ meu irmão Emílio, em S. Gabriel, e em Alto Paraíso/GO)
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Segundo Dia de Viagem (4 de fevereiro de 2007 – domingo). Trecho: de GUARAÍ (TO) A SANTA INÊS (MA) – 839 km percorridos em 7h52min de viagem. Tempo parado: 2h28min.

.Neste trecho, choveu bastante! Em Tocantins, a estrada continuava boa e o aguaceiro não nos incomodou, excetuando em algumas curvas. A polícia rodoviária nos parou em Araguaína. Checaram a documentação e nos liberaram. Estávamos molhados até os ossos. Tenho por hábito usar apenas a parte de baixo da roupa de chuva (calça e polainas) e não há como evitar a entrada de água acima da cintura, através das costuras do casaco de couro e das luvas.
Adentramos o Maranhão pela cidade de Estreito, sob chuva forte, após cruzar belíssima ponte sobre o rio Tocantins. Por ali o asfalto estava sendo recuperado e as ranhuras feitas na pista pelas máquinas faziam a motocicleta balançar muito. Trafegamos diversos quilômetros pelo acostamento, onde o piso estava intacto e as motos podiam ser conduzidas com firmeza. Nossa intenção inicial era ir para São Luis pela BR226, por Porto Franco. Não vimos a placa de entrada da rodovia (que fica rente a um posto de gasolina) e passamos direto. Chegamos à cidade de Ribamar Fiquenes, 27 km depois, quando descobrimos que estávamos viajando por outro caminho. Demos sorte com nosso erro porque pela BR226 teríamos de atravessar outra reserva indígena e, segundo a atendente do posto de gasolina, os índios realizavam movimento reivindicatório na estrada que corta seu território e o trânsito estava meio problemático por lá. Seguimos adiante, pela Belém-Brasília, rumo a Imperatriz (MA). Dali fomos para Açailândia (MA), onde pegamos outra rodovia, a BR222. Esse trecho é de curvas e mais curvas sem qualquer sinalização. Além das curvas, muitos buracos. De qualquer forma, perigos à parte, foi divertido! Depois de trafegar 1.600 km por retas e estradas boas, aquelas curvinhas e aqueles buracos eram até bem vindos para variar um pouco. No mais, o cenário era dos mais belos: babaçus, mata tropical, babaçus, montanhas, babaçus, vales, babaçus e aves em revoada que se misturavam ao aroma gostoso de babaçu molhado. Não é à toa que o Maranhão é conhecido como "a terra onde o babaçu abunda!"
A quantidade de animais na estrada era preocupante: porcos, cães, jegues, cabras e bois compartilhavam a pista conosco. Achamos conveniente dormir em Santa Inês, cerca de 250 km de São Luis. Poderíamos ter chegado à capital maranhense naquele mesmo dia porque ainda era 15h40 e havia muita claridade pela frente. Como nossas reservas no hotel Praiamar, em S. Luis, só iniciavam no dia seguinte, resolvemos ficar por ali mesmo, naquela cidadezinha de 80 mil habitantes. Esta cidade marcou minha lembrança pela grande quantidade de automóveis com som exageradamente alto trafegando pelas ruas, prenunciando as festividades de carnaval.


(fotos na rodovia nas rodovias de Tocantins e em frente ao lago de Palmas/TO)
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Terceiro Dia de Viagem (5 de fevereiro de 2007 – segunda-feira). Trecho: de SANTA INÊS (MA) A SÃO LUIS (MA) – 242 km de viagem em 3 h..Desde que entramos em território nordestino, ficamos impressionados com a quantidade de motocicletas de baixa cilindrada (sem placas) existente nos municípios e vilarejos por onde passamos. O Nordeste, de fato, é um dos maiores consumidores nacionais desses veículos, que formam verdadeiros formigueiros coloridos pelas vielas e ruas das cidades menores. Nossas motos despertavam curiosidade nos motociclistas interioranos. Ninguém ainda tinha visto uma XT660 por aquelas bandas.
Os 100 km que antecedem São Luis são repletos de pequenos povoados que ladeiam a rodovia. Animais diversos aparecem de uma hora para outra. Dois leitõezinhos corriam em diagonal à pista e quase passei por cima. Ainda bem que o barulho da buzina os fez mudar de direção. Não daria tempo de desviar mesmo! Depois desse susto, tivemos o máximo cuidado ao atravessar esses povoados.
Chegamos à capital do Maranhão às 10 horas da manhã. Seguimos as placas para a praia de Ponta d’Areia enquanto deu. Quando estacionamos para pedir informações sobre a localização do nosso hotel, parou um motociclista numa moto Honda CB450 e se ofereceu para nos guiar. Tratava-se de Dedê, maranhense estradeiro que já tinha viajado para tudo quanto é canto em sua moto ano 1985. Antes de qualquer coisa, ele nos conduziu ao quiosque do Francismar, na praia de Calhau, para que conhecêssemos o que havia de melhor na área: frutos do mar e cerveja. Sentamos por lá e atacamos uma geladinha com tira-gosto de camarão. Tínhamos de pegar a Rosane no aeroporto somente às 14:30 h e o tempo era suficiente para ficar por ali apreciando a paisagem, o camarão e a cerveja. Dedê foi muito atencioso conosco. Combinamos de voltar para o Francismar assim que Rosane chegasse à cidade. Assim fizemos. Lá travamos amizade com o Sr. Cleto, um velhinho septuagenário que conhecia diversas pessoas de Brasília que também eram conhecidas nossas. Era uma coincidência e tanto encontrar alguém por acaso numa praia do Maranhão que tinha vários amigos em comum conosco. Ficamos no quiosque até depois da meia-noite, quando fomos dormir. O hotel Praiamar é excelente e possui uma piscina a 100 metros da praia. Muito bom mergulhar na água salgada e, logo em seguida, na água doce. Bom demais!!!!!







Em Santa Inês/MA
Quarto Dia de Viagem (6 de fevereiro de 2007 – terça-feira). Curtindo São Luis (MA).
.Nosso segundo dia em São Luis/MA foi exclusivamente gasto em trajetos turísticos. Passeios na praia, cervejinha gelada, visita ao centro histórico da cidade, frutos do mar, fotografias, mergulhos etc. As praias de S. Luis são vastas e de coloração acinzentada. Anda-se boa distância pela areia antes de chegar ao mar. A água é opaca por conta dos mangues que cercam a ilha. Cerca de 40% dos mangues do Brasil estão localizados no Maranhão e isso faz com que a água do mar tenha aparência turva.
À noite, eu, Rosane e Paulo fomos a outro restaurante na orla, onde os motociclistas da cidade tradicionalmente se encontram. Acho que se chamava Adventure, mas não tenho certeza. Comemos e bebemos como reis. Teve jogo do Brasil naquela tarde (quando perdemos para Portugal de 1x0) e acho que Dedê arrumou outra atividade. Não o vimos mais! Fomos dormir cedo porque logo pela manhã do dia seguinte iríamos para Barreirinhas, portal de entrada dos Lençóis Maranhenses.








(fotos em São Luis do Maranhão)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Quinto Dia de Viagem (7 de fevereiro de 2007 – quarta-feira). Em Barreirinhas (MA).
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De S. Luis a Barreirinhas foram exatos 273 km, percorridos logo nas primeiras horas da manhã (já tínhamos rodado 2.540 km desde Brasília). Tive que migrar parte da minha bagagem para a moto do Paulo para que a Rosane coubesse na garupa. Demos uma parada na cidade de Morros para breve passeio pelas margens do rio Una. Fiquei sem gasolina a 6 km de Barreirinhas. Como a moto do Paulo estava bem mais econômica que a minha, deu para ele ir até a cidade e trazer combustível numa garrafa pet de refrigerante. Fomos direto para a Pousada do Rio, onde tínhamos reserva. Almoçamos por lá mesmo e às 14 h nos deslocamos para os Lençóis Maranhenses, numa jardineira (caminhonete 4x4 adaptada para transportar turistas), contratada na própria pousada. A beleza dos Lençóis nos surpreendeu. O horizonte é tomado por montanhas de areia branca, lembrando o deserto do Saara. As lagoas estavam todas rasas. Apenas 3 delas se mantêm perenes em todos os meses do ano. Julho seria o melhor mês para visitarmos o local, quando o período de chuvas cria dezenas de lagoas entre as dunas. Subidas e descidas íngremes, caminhada pesada naquela areia fofa e fria. É curioso observar que é possível andar descalço pelas areias dos Lençóis sem queimar a sola dos pés, por mais forte que seja o sol. Voltamos para Barreirinhas quase anoitecendo, embevecidos com o cenário daquele areal. Passamos a noite na avenida Beira-Mar da cidade e jantamos em um restaurante onde havia forró ao vivo. O local estava meio vazio e ninguém se animou a dançar.







(fotos no caminho para Barreirinha/MA, às margens do rio Una, e nas dunas dos Lençóis)
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Sexto e Sétimo Dia da Viagem (8 e 9 de fevereiro de 2007 – quinta e sexta-feira). Em Barreirinhas (MA)..
Tínhamos fechado outro passeio até Caburé para a manhã de quinta-feira, descendo o rio Preguiça de voadeira, (embarcação com motor de popa) mas choveu torrencialmente. Cancelamos o tour e ficamos pela cidade. Almoçamos no mesmo restaurante do dia anterior; e jantamos pizza, em outro. À tarde colocamos o sono em dia, depois de tomar algumas latinhas de cerveja na própria pousada, à beira do rio Preguiça.
Na sexta-feira, dia 9, conseguimos fazer a descida do rio até Caburé. Passeio fantástico! As belezas da vegetação ribeirinha nos encantam a cada instante. No trajeto, passamos pelos povoados de Vassouras, circundado por dunas enormes, onde macacos e papagaios vêm comer na nossa mão; de Mandacaru, que possui um belíssimo farol de 53 metros de altura; e, finalmente, de Caburé, uma estreita faixa de terra que se estende entre o rio e o mar. Almoçamos por lá e resolvi experimentar uma dose de tiquira, cachaça de mandioca de origem maranhense. Os nativos garantem que se uma pessoa se embebedar de tiquira e depois se molhar, fica bêbado por 3 dias consecutivos. Dá para acreditar? Dormi durante a metade do percurso de volta no desconforto da voadeira. Fui eu quem bebeu, mas foi Rosane quem passou mal. Ela teve um baita enjoo à noite e ficou na pousada, prostrada na cama, enquanto eu e Paulo saímos para lanchar na avenida Beira-Mar. Passamos a noite assistindo novela e dormimos antes do Big-Brother.

Rio Preguiça
Rio Preguiça

Rio Preguiça


Povoado de Vassouras
Caburé

Povoado de Mandacaru

domingo, 25 de fevereiro de 2007


Oitavo Dia de Viagem (10 de fevereiro de 2007 – sábado). Trecho: de BARREIRINHAS (MA) A SÃO LUIS (MA) e de S. LUIS A LUIS CORREA (PI).
Voltamos para S. Luis pela manhã de sábado. Rosane iria embarcar para Brasília às 14 h e tínhamos que voltar ao hotel Praiamar antes de ir para o aeroporto. Paulo havia esquecido o documento da moto por lá. Fizemos companhia para a Rosane nas dependências do aeroporto até meio-dia e fomos novamente para a estrada, agora em direção ao Piauí, destino Luis Correa. Pegamos a BR225, para Itapecuru Mirim e Chapadinha. A estrada estava em ótimas condições até chegarmos em São Bernardo (MA). A partir dali foram 80 km de buracos e mais buracos. Para piorar, a chuva caía com intensidade. Grossas nuvens anteciparam a chegada da noite. Nossa situação não era das melhores diante da combinação de buracos, chuva e escuridão. Pensamos em voltar para São Bernardo e dormir por lá, antes que escurecesse por completo. Chegamos a iniciar o caminho de volta quando vimos um casal numa Honda Tornado 250 seguindo para o Piauí. Como a placa da moto era de Teresina, imaginei que eles conheciam bem o caminho e que a estrada ficaria boa logo à frente. Não ficou! Gastamos duas horas para fazer esses 80 km por esta estradinha em péssimas condições. A Xistelvina me surpreendeu na buraqueira: fez 21 km/l. O casalzinho da Tornado desapareceu! Acho que deve ter entrado em alguma fazenda pelo caminho, porque o farol desta moto é ruim e não permitiria que trafegasse na escuridão.
Quando adentramos o Piauí, a rodovia ficou ótima, com olhos-de-gato luminosos ao centro e nas laterais da pista que facilitavam a pilotagem no escuro. Passamos por Parnaíba e chegamos em Luis Correa, no litoral, depois das 21 h. Muita gente pensa que Parnaíba possui praias, mas não é verdade! O mar fica 15 km depois, em Luis Correa. Paramos em um restaurante da orla para pedir indicação de uma pousada BB (boa e barata). Tinha uma logo em frente e fomos direto para lá. Jantamos e dormimos cedo, exauridos pelo esforço daquele trecho da viagem. O hodômetro da motocicleta marcava 3.395 km rodados desde Brasília.
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Lagoa do Portinho, Luis Correa/PI

Luis Correa/PI


Luis Correa/PI

Nono Dia de Viagem (11 de fevereiro de 2007 – domingo). Trecho: de LUIS CORREA (PI) A CAMOCIM (CE). 132 km rodados em 1h45min de viagem.
Passamos um dia delicioso em Luis Correa. O sol resolveu aparecer e nada melhor que passear na Lagoa do Portinho, dar um mergulho na água morna do mar piauiense e uma cerveja geladíssima logo em seguida. Isso sim é que são férias: sol, mar e cerveja! Por falar nisso, as minhas estavam acabando. Só tinha tirado 10 dias que, somados com o final de semana, viraram 12. Não dava para perder tempo. Precisávamos ainda ir ao Ceará. Às 16 h resolvemos deixar Luis Correa e seguir para Camocim (CE). Vários trechos da estrada estavam cobertos pelas areias das dunas e derrapamos em algumas vezes. Foram apenas 132 km de deslocamento e chegamos lá bem antes de escurecer, com um sol de rachar sobre nossas cabeças. Encontramos uma pousada simples em frente ao local de onde as balsas partem com os bugues em direção a Jericoacoara. Passamos uma noite deliciosa em Camocim e fechamos com um bugueiro para nos levar a Jeri no dia seguinte, bem cedo. A cidade possui uma orla marítima de rara beleza. Habituada a receber turistas, oferece boa variedade de pousadas e de restaurantes.

Na estrada para o Ceará

Na estrada para o Ceará

Camocim/CE

Jericoacoara/CE

Jericoacoara/CE


Jericoacoara/CE


Jericoacoara/CE
Jericoacoara/CE

Décimo Dia de Viagem (12 de fevereiro de 2007 – segunda-feira). Trecho: Curtindo Jericoacoara (CE), voltando para Camocim e pegando a estrada para Piracuruca (PI).
Fizemos um passeio belíssimo pelas dunas e praias que separam Camocim de Jericoacora. Um cenário inesquecível! Em Jeri experimentamos uma sensação de estarmos, de fato, em um paraíso que só existia em nosso imaginário. A cor do mar, as ruas de areia branca, os coqueirais, as pedras e o céu de azul fulgurante eram muito mais bonitos do que poderíamos supor. De fato, foi o cenário mais edênico dentre todos os que vivenciamos nesta viagem. Voltamos à tardinha para Camocim de bugue e passamos pela Lagoa da Torta e por outras dunas diferentes das do caminho de ida. Chegamos à pousada, onde havíamos deixado as motos, arrumamos a bagagem e iniciamos o caminho de volta para Brasília, exatamente às 17h20. Nosso planejamento foi falho. O ideal teria sido passar mais tempo no Ceará. Saímos da cidade em direção a Piracuruca, portal de entrada das 7 Cidades. Era um trecho curto, de apenas 253 km. Sabíamos que a noite chegaria antes de aportarmos em nosso destino, mas a estrada estava boa naquele trecho e poderíamos seguir com segurança. Chegamos à cidade por volta das 20h30, sob forte chuva, e ficamos numa pousadinha localizada nos arredores da rodovia.

Jericoacoara/CE
Jericoacoara/CE


Jericoacoara/CE


Na Transpiuaí

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Décimo Primeiro Dia de Viagem (13 de fevereiro de 2007 – terça-feira). Trecho: De PIRACURUCA (PI) A BOM JESUS (PI). 861 km rodados em 10h41min. Tempo parado: 2h33min.Nossa intenção de visitar o Parque das 7 Cidades não se concretizou. O tempo amanheceu fechado, dando sinais de chuva, e o Parque só abriria às 9 h (horário de Brasília). Pelo sim e pelo não, diante da possibilidade iminente de chuva forte, resolvemos seguir adiante pela Transpiauí. Fizemos quase todo o percurso embaixo de um aguaceiro monstro. Parece mentira, mas naquele dia senti frio no Piauí. Chegamos a Bom Jesus às 18 h (17 h no horário local). Conseguimos ir ainda a uma concessionária da Yamaha para tentar descobrir porque minha moto estava bebendo tanto. Os mecânicos de lá nunca tinham visto uma XT 660. Tiraram muitas fotos ao lado da máquina, mas não me ajudaram em nada. Mesmo andando devagar naquele trecho, o consumo ficou em torno dos 18 km/l, contra 23 km/l da moto do Paulo.

Décimo Segundo Dia de Viagem (14 de fevereiro de 2007 – quarta-feira). Trecho: De BOM JESUS (PI) A BRASÍLIA. 1.177 km rodados em 13h44min. Tempo parado: 3h10min.
Tive um amigo piauiense, nos anos 80, que dizia ser impossível entrar e sair do Piauí sem atropelar uma cabra. Isso foi naquela época. Atualmente existe mais probabilidade de se atropelar um jegue que uma cabra. Êta muar amuado, esse tal de jegue! Animal ranheta! Não sai da frente de jeito nenhum. Pode-se buzinar, gritar, dar pontapé no traseiro... E o bicho não sai do lugar. As cabras, os bois, os porcos e os cães, pelo menos, têm a virtude de se assustar com o barulho da buzina. O jegue, não! Fica imóvel! Essa sim foi nossa maior conquista: trafegar pelo Piauí sem atropelar nenhum animal, particularmente o jegue.
Saímos de Bom Jesus às 4 da matina, com o hodômetro marcando 4.647 km rodados. Enquanto andamos pelo Piauí a estrada estava em excelentes condições (BR 153). Bastou entrar na Bahia para que o asfalto desaparecesse de vez. Muita terra e lama em um trecho de 25 km. Gastamos cerca de uma hora e meia para atravessá-lo. Havia um caminhão capotado e outro atolado no meio do nosso caminho.


(fotos das rodovias baianas. Há um caminhão capotado na primeira foto)

As estradas baianas são, definitivamente, as piores do País! Eu tive alguma experiência no passado de pilotar motos em trilhas de terra. Mas, no atoleiro, foi a primeira vez. A moto rebola o tempo todo e o motor morre de repente. Se usássemos a primeira marcha a coisa piorava. Meu pneu traseiro estava nas últimas e isso enegrecia o quadro. Foi uma vitória termos saído daquele lamaceiro sem levar um tombo. Passamos por Riachão das Neves (BA) e o asfalto ressurge muito ruim. Assim fomos até Barreiras, com a estrada para lá de precária. A partir dali a pista ficaria boa. Havíamos trafegado pela BR242 em nossa última viagem ao Nordeste, há 5 meses, e sabíamos que estava quase toda recuperada. Voamos acima dos 130 km/h nos 93 km que separam Barreiras de Luis Eduardo Magalhães. Nesta cidade, é imprescindível reabastecer a moto por causa do risco de ficar sem gasolina logo adiante. Na velocidade em que vínhamos o consumo da Xistelvina foi de apenas 13,9 km/l, contra 19 km/l da moto do Paulo. Já estava enfezado com esta situação! De Luis Eduardo até Brasília foi uma delícia. Asfalto em boas condições e pouco tráfego. Paramos nos arredores de Formosa para tirar a última foto da viagem. Separei-me de Paulo antes do posto Colorado e cada um seguiu para sua casa. Adentrei minha residência às 18h45, fechando exatos 5.766 km rodados desde nossa partida há 12 dias. O trecho percorrido entre Bom Jesus e Brasília foi nosso recorde de pilotagem diária: 1.177 km em um único dia. Neste dia 14 de fevereiro, demos por encerrado nosso projeto de varredura do litoral nordestino brasileiro, executado em duas etapas distintas que totalizaram 11.339 km em 27 dias de estrada.

CURIOSIDADES INÚTEIS RETIRADAS DAS ANOTAÇÕES DE VIAGEM

Fizemos 27 paradas para abastecimento em 26 municípios diferentes. Foram 56h48 de pilotagem (já descontado o tempo parado). O preço do litro de gasolina mais caro foi de R$ 2,98, em São Bernardo (MA) e Canto do Buriti (PI). O mais barato, em Estaca Zero (PI), a R$ 2,49.